Confira os resultados do monitoramento da última temporada reprodutiva de tartarugas marinhas

Dia Mundial da Tartaruga

No Dia Mundial da Tartaruga, comemorado nesta quarta-feira (16), aproveitamos para divulgar os resultados da 15ª campanha de monitoramento da alta temporada de tartarugas marinhas, realizada entre setembro de 2020 e abril deste ano. 

Por meio de nosso Programa de Monitoramento de Quelônios Marinhos do Terminal Marítimo de Belmonte, o monitoramento desta última temporada percorreu mais de 25.000 km de praia e registrou 322 ocorrências reprodutivas de quatro, das cinco espécies de quelônios marinhos com presença no Brasil.

dia mundial da tartaruga

Monitoramento das tartarugas marinhas

A campanha desta temporada acompanhou 266 ninhos com desova e o nascimento de aproximadamente 14.000 filhotes de tartarugas.

“Com o monitoramento do Programa durante todo o ano e a sua intensificação durante a temporada de desova, conseguimos acompanhar a incidência de espécies de tartarugas na costa da região Sul da Bahia e promover ações de proteção a estes animais, tanto com o cuidado com seus ninhos quanto com a realização de adequações na própria operação do Terminal Marítimo, como ajustes na iluminação nas praias e embarcações para não atrapalhar o percurso das tartarugas ao mar após seu nascimento” comenta Tarciso Matos, nosso coordenador de Meio Ambiente e Licenciamento.

O Programa de Monitoramento de Quelônios Marinhos do Terminal Marítimo de Belmonte é realizado por nós desde 2005 e contempla a execução de cerca de 200 horas de monitoramento mensal, diurno e noturno, em 35 km de praias. 

O Programa também contempla a liberação do acesso às praias adjacentes ao terminal para as máquinas, o acompanhamento das atividades maquinárias, diálogos sobre a proteção do meio ambiente (com colaboradores e população em geral) e monitoramento da incidência de iluminação artificial nas adjacências do Terminal. 

As atividades possuem metodologia e periodicidade definidas e estão respaldadas por Autorização para Manejo de Fauna, emitida pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA). 

Além do acompanhamento da reprodução dos animais, o Programa também realiza o registro da presença de quelônios encalhados nos trechos monitorados.

Reprodução das tartarugas marinhas

Durante o período reprodutivo de tartarugas marinhas na costa brasileira, que ocorre entre setembro e abril, as equipes realizam ações para proteção de ninhos e preservação dos ovos, seja com marcação, colocação de telas de proteção ou com a transferência dos ovos, caso estejam em uma área de risco para os filhotes. 

Somente nas últimas 5 temporadas de desova, registramos mais de 87.000 nascimentos de tartarugas na região do monitoramento do nosso Programa.

De acordo com Milena Vitali, gestora de projetos do CTA, empresa responsável pela execução do nosso Programa de Monitoramento de Quelônios Marinho, na última temporada foram percorridos 25.000 km de praia, foram registradas 322 subidas de tartarugas na praia na tentativa de desovar, 266 ninhos com desova e, no final da temporada, aproximadamente 14.000 filhotes foram para o mar. 

“Com o Programa já conseguimos contribuir com o sucesso de eclosão de milhares de ovos de quelônios marinhos. O Programa também nos possibilitou o registro de espécies ameaçadas de extinção ou que não são comumente encontradas na região,” ressalta Milena. 

Existem cinco espécies de tartarugas marinhas no Brasil e todas já tiveram registro de desova na região do monitoramento. 

Durante esta última alta temporada, de 2020/2021, foram registrados quelônios das espécies tartatuga-verde (Chelonia mydas), tartatuga-cabeçuda (Caretta caretta) tartaruga-oliva (Lepidochelys olivácea) e a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), sendo que esta última é considerada criticamente ameaçada nacionalmente. Somente desta espécie, o Programa registrou 24 ninhos. 

Com relação aos eventos não reprodutivos (encalhes), a temporada 2020/2021 registrou 18 ocorrências, sendo 16 delas da espécie Chelonia mydas, na fase de vida juvenil. 

Esta espécie se distribui desde os trópicos até as zonas temperadas, apresentando hábitos costeiros, utilizando inclusive estuários de rios e lagos, o que justifica a predominância dos registros.

Uma vez que esta espécie utiliza a região de estudo como área de alimentação nesta fase de vida. Todos os registros desta temporada corresponderam a animais que já chegaram mortos na costa. 

Foto Femea no ninho
Somente nas últimas cinco temporadas de desova, registramos mais de 87.000 nascimentos de tartarugas em 35 km de praia monitorados

Programa de Monitoramento de Quelônios Marinhos do Terminal Marítimo de Belmonte 

Ao longo desses 17 anos, a execução do Programa proporcionou o registro de eventos reprodutivos importantes para a conservação dos quelônios marinhos, com registros de espécies de tartarugas, como a tartaruga-verde e a tartaruga de couro (Chelonia mydas e Dermochelys coriacea). 

A tartaruga-verde desova preferencialmente em ilhas oceânicas, tendo seus maiores sítios reprodutivos localizados na ilha de Trindade, no Espírito Santo; Fernando de Noronha, em Pernambuco; e Atol das Rocas, Rio Grande do Norte.

Já tartaruga-de-couro, desova regularmente no Litoral norte do Espírito Santo, próximo à foz do Rio Doce. 

O registro destas espécies na região Sul da Bahia, assim como em outras praias continentais no território brasileiro, são fenômenos considerados pouco comuns para estas espécies.  

Além disso, a tartaruga de couro é classificada, segundo o Ministério do Meio Ambiente, como criticamente em perigo de de extinção e, desde o início do nosso monitoramento, em 2005, foram registradas 15 desovas desta espécie, sendo 05 delas na temporada 2008/2009 e 10 no período de 2012/2013. 

Seguimos trabalhando para o licenciamento do Centro de Reabilitação do Terminal Marítimo de Belmonte, que será gerido pela empresa e pelo CTA para a reabilitação e necropsia dos quelônios marinhos registrados pelo Programa de Monitoramento.

Este deverá ser o primeiro local especializado para o cuidado e pesquisas para a proteção destas espécies de animais do Extremo Sul da Bahia. 

A operação do Centro visa receber tartarugas debilitadas e com necessidades de tratamento veterinário, reintroduzir à natureza os espécimes resgatados e realizar a investigação da causa de morte dos animais encontrados.