RPPN no Extremo Sul da Bahia mantém projeto de preservação de aves raras

Respeito à natureza e preservação do meio ambiente para as gerações futuras. Estes são os princípios que norteiam as ações da Reser¬va Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel, em Porto Seguro, entre eles o Projeto Harpia na Mata Atlâ

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Com uma estrutura que conta com pes­quisadores especializados, espaço físico es­pecífico para o tratamento deste tipo de ave e um monitoramento 24h por dia, através de câmeras de vigilância, há 6 anos o Projeto vem desenvolvendo pesquisas, reabilitação, reintegração e conservação da população de harpias (Harpia harpyja) de vida livre que ha­bitam as matas dos fragmentos florestais da RPPN Estação Veracel, da Comissão Executi­va do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) e do Parque Nacional do Pau-Brasil (PARNA Pau-Brasil), no Extremo Sul da Bahia.

O projeto começou a ser desenvolvido em 1997, com o resgate de um exemplar adulto da espécie, por fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Reno­váveis (IBAMA). Na época, a ave foi entregue a Estação Veracel, que construiu um ambien­te especialmente para ela. Foram 12 anos de acompanhamento por especialistas e pesqui­sadores e, em 2009, a ave foi solta para que voltasse à vida livre.

Além desta, outra ave também já fez parte do projeto. Batizada carinhosamente de Ka­tumbayá (que na língua indígena quer dizer: mãe da mata), esta segunda ave considerada jovem, foi encontrada por fazendeiros da re­gião e socorrida pelos especialistas na Estação Veracel, onde passou um breve período de tratamento que culminou em sua soltura. Em 2010, o monitoramento contínuo desta espé­cie identificou que a harpia havia encontra­do um parceiro e construído dois ninhos em árvores bem altas do PARNA Pau-Brasil, em Porto Seguro.

Importância do monitoramento – “A descoberta deste ninho foi motivo de muita comemoração e expectativa por toda a equipe do Projeto Harpia na Mata Atlântica. A harpia é um bio-indicador, pois só habita florestas grandes e bem conservadas. Sua reprodução indica que o ecossistema em que ela vive esta funcionando bem”, explica Lígia Mendes, gestora da RPPN Estação Veracel.

Graças às pesquisas e ações de monitora­mento das aves, 27 espécies de Falconiformes já foram avistados na RPPN Estação Veracel e no Parque Nacional Pau-brasil. Entre eles, um Gavião de penacho (Spizaetus ornatus) e um Gavião-pombo (Leucopternis lacernula­ta), sendo este último, uma espécie endêmica ameaçada de extinção a nível internacional.

O monitoramento das aves em vida livre é feito semanalmente. Por meio da telemetria (rá­dio VHF) e pelos pontos detectados pelo sinal de GPS, é possível acompanhar toda a movimenta­ção das aves, bem como o seu comportamento após a soltura. “Cada detalhe é muito importan­te para a conservação das aves de rapina aqui na nossa região. Cada informação e dados registra­dos servem de base para especialistas avaliarem as condições das aves após a soltura”, explica Alexandro Dias, monitor ambiental da RPPN Estação Veracel e um dos responsáveis pelo mo­nitoramento da harpia.

RPPN recebe nova ave para reabilitação

Em junho deste ano, o Projeto rece­beu em seu harpiário mais uma harpia – conhecida também como Gavião-real – resgatada pela Companhia Independente de Policiamento de Proteção Ambiental (CIPPA), em Porto Seguro. Após os pri­meiros cuidados no Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, a ave foi encaminhada para a Estação Veracel.

Esta harpia, que foi resgata graças à indicação de moradores da comunida­de, é considerada um individuo jovem, com 2 ou 3 anos de idade, e está em processo de reabilitação de seus hábitos selvagens, por meio de isolamento audi­tivo e visual. “Esta é uma das fases mais importantes do processo. É na reabilita­ção que a ave vai ganhar força muscu­lar para alçar novos voos, reaprender a caçar, entre outras questões específicas à vida selvagem. Neste harpiário e com o acompanhamento dos especialistas, a reintegração desta ave à natureza torna­-se muito mais eficiente”, afirmou Jor­ge Sales Lisboa, biólogo da Associação Brasileira de Falcoeiros e Preservação de Aves de Rapina (ABFPAR).

“Este já é o terceiro gavião-real que passa por este processo de reabilitação. Pelo fato de ser rara na Mata Atlântica e habitar apenas grandes fragmentos de florestas bem conservadas e protegidas, a Harpia já se tornou símbolo da conser­vação ambiental da Veracel”, comenta a bióloga Ligia Mendes, gestora da Estação Veracel.

Comunidade apóia preservação da espécie

As ações de Educação Ambiental são gran­des aliadas na conservação dessa espécie. De forma dinâmica e ativa, o Programa de Educa­ção Ambiental da Veracel (PEAV) vem disse­minando informações sobre a importância da preservação ambiental para alunos, professo­res e moradores das comunidades da área de atuação da empresa.

“Moramos em uma área com grandes frag­mentos de Mata Atlântica, e o surgimento de animais em lugares habitados é algo pos­sível. Por isso, sempre buscamos orientar os moradores sobre os cuidados que devem ser tomados em caso de contato com animais sil­vestres, e sobre a importância de sua preserva­ção”, afirma Mendes. A bióloga ainda destaca que pouco antes do resgate dessa harpia, o PEAV e o Programa Nacional de Conserva­ção do Gavião real haviam promovido ofi­cinas de educação ambiental no distrito de Vera Cruz, município de Porto Seguro, com orientações sobre os cuidados e atitudes que devem ser adotadas em caso de aparecimento de animais silvestres.

O Projeto Harpia na Mata Atlântica bus­ca preservar a espécie em todo o fragmento de Mata Atlântica do Extremo Sul da Bahia. E gra­ças ao apoio da Veracel Celulose, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Ama­zônia (INPA), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), a So­ciedade de Pesquisa do Manejo e Conservação da Fauna Silvestre (CRAX), o IBAMA, a CIPPA – Porto Seguro/BA, a SOS Falconiformes e a ABFPAR, o projeto vem possibilitando a inclusão destas aves no Programa Nacional de Conserva­ção do Gavião real, e a reintegração com sucesso destes animais à natureza.
Caso encontre um desses animais ferido, sai­ba de quem os mantém em cativeiro ou tenha informação sobre a sua presença na natureza, entre em contato com IBAMA através do telefo­ne (73) 3281-1526/3281-1652.